Nicodemos Araújo é um ícone da poesia, história e cultura da nossa terra: acarauense de natureza, belacruzense de coração, dedicou-se ao louvor de suas origens. Digo assim porque quando Nicodemos nasceu em 10 de março de 1905, Bela Cruz, na época "Santa Cruz do Acaraú", era uma vila pertencente ao município de Acaraú. Aos 29 anos, passou a morar na sede do município, onde foi Inspetor Escolar, Agente de Estatística e Secretário da Prefeitura, além de ter sido vereador e assumido por algumas vezes o cargo de prefeito.Nicodemos foi historiador, poeta, dramaturgo e genealogista, tendo escrito diversos livros em cada área. Fez parte da Academia Sobralense de Estudos e Letras (ASEL), da Academia Cearense de Letras (ACL), da Academia de Letras Municipais do Brasil e da União Brasileira de Escritores.
Como todo belacruzense deve, tenho muito orgulho de ser conterrâneo deste grande homem.
Meu objetivo neste momento não é escrever a biografia de Nicodemos, mas sim, situar o leitor sobre pontos essenciais da vida deste grande poeta, contemporâneo nosso e que é tão pouco conhecido pelas novas gerações.
Transcrevo abaixo uma poesia de sua autoria sobre "Bela Cruz":
Em Louvor de Bela Cruz
Bela Cruz, minha cidade,
Ninho de hospitalidade
Nesta terra de Iracema
Contemplando, com ufania
A tua fotografia,
Eu escrevo este poema.
Em meio a praça atraente
Tua matriz imponente
Ergue a torre para os céus
No cimo, Nossa Senhora,
De mãos unidas, implora
Pra nós, a graça de Deus
Os mercados, a CAGECE
a IACOL, que recresce,
em seu labor costumário
E no bairro da Brasília
Para o lazer da família
O Centro Comunitário
Vejo as casas de instrução,
Em sua excelsa missão
Que a nova grei formará.
E, apontando o firmamento,
Vejo o poste de Cimento
Que serve a TELECEARÁ.
Ali o Alvorada Clube
Que se destaca na Urbe
Onde o Grêmio o edificou.
Ao sul se ostenta na altura,
O monumento-escultura
Da Virgem que aqui passou.
Todo escalvado, se eleva
o Alto da Genuveva (sic.)
que é nosso berço natal.
Hospitais, campos de esporte
e, em seu magestoso (sic.) porte
o Paço Municipal.
Neste teu solo fecundo
Abri os olhos ao mundo,
Para os labores da vida.
Muita coisa me tens dado.
Por tudo, muito obrigado,
Minha cidade querida.
Oh! Bela cruz, minha terra
Viveiro amigo que encerra
Meu amor sem dimensão.
Admiro este teu povo,
Em seu ideal sempre novo,
Do progresso e de união.
Bela Cruz de minha gente,
muito mais que teu presente
Teu futuro brilhará.
Salve, cidade gentil,
Enfeite do meu Brasil!
Coração do meu Ceará!
Bibliografia:
FREITAS, Vicente. Nicodemos Araújo [1905-2011]. Disponível em: http://vicentefreitas.blogspot.com/2005/12/nicodemos-araujo-1905-2005.html
ARAÚJO, Nicodemos. Cantos e desencantos. Acaraú-Ceará, 1993. (pg. 7, 29-32)
Créditos da Imagem: http://vicentefreitas.blogspot.com/2005/12/nicodemos-araujo-1905-2005.html
Notas do Autor:
1. IACOL - Sigla de "Indústria e Agricultura Castanha e Óleo Ltda.". Fábrica de castanha que operou em Bela Cruz até os anos 1990. Pertencente ao Grupo Ernani Viana.
2. TELECEARÁ - Empresa de telefonia pública que atendia aos municípios, antes de TELEMAR, OI e outras.
3. Alvorada Clube - Espaço destinado ao lazer dos jovens na cidade. Sua sede ficava próxima a Igreja Matriz. Hoje só há ruinas lá.
4. Grêmio - Entidade mantenedora do Alvorada Clube.
5. "O monumento-escultura da Virgem que aqui passou..." - referência ao Arco de Nossa Senhora de Fátima, construção em homenagem a passagem da Imagem Peregrina de N. S. de Fátima (vinda de Fátima, Portugal em 1953). O Arco foi construído em 1957.
6. A expressão (sic.) usada na sexta estrofe como meu grifo quer dizer: "conforme o original".
